Milhares de obsoletos objectos, inúteis de sentido e propósito.
Estalactites de futilidade, por ti penduradas nesse tecto de mofo.
Cefaleia de vê-los assim repetidos, oxidados, mortos de alma.
E lá no fundo, uma nostalgia de pensar que eram fantásticos.
domingo, 16 de novembro de 2008
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
domingo, 9 de novembro de 2008
Amanhã logo se vê
A metade cinzenta de mim esforça-se por chegar até à cama. Rasteja.
Subtilmente, amputando os pequeninos sonhos.
Não. Não me apetece chorar.
Subtilmente, amputando os pequeninos sonhos.
Heroicamente, abraçando os grandes com hercúlea força.
Não. Não me apetece chorar.
Vou dormir e amanhã logo se vê.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Mais não!
Hoje disseram-me tantas coisas...
Palavras imundas que nunca deviam ter sido inventadas.
E aquela terrível verdade que é a injustiça!
domingo, 2 de novembro de 2008
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
terça-feira, 23 de setembro de 2008
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Dor de cabeça
E, de repente, quando percorria um caminho largo e florido, algures num vale desconhecido, eis que me deparo com uma encruzilhada.
Três estradas, o número simbólico dos contos populares.
Sentei-me num tufo de relva procurando decidir o que fazer. Estou feliz mas ansiosa, aqui no meu piquenique forçado, contemplando com atenção os trilhos igualmente imprevisíveis.
A escolha não deve ser arbitrária, penso eu. Talvez se ficar aqui sentada mais uns dias consiga assimilar as ténues diferenças da paisagem e antecipar o desfecho da minha escolha. Ou talvez deva arriscar neste primeiro instinto que me impele para o caminho da esquerda, de todos, talvez, o mais inesperado.
Se não fosse esta tremenda dor de cabeça talvez já soubesse a resposta.
Três estradas, o número simbólico dos contos populares.
Sentei-me num tufo de relva procurando decidir o que fazer. Estou feliz mas ansiosa, aqui no meu piquenique forçado, contemplando com atenção os trilhos igualmente imprevisíveis.
A escolha não deve ser arbitrária, penso eu. Talvez se ficar aqui sentada mais uns dias consiga assimilar as ténues diferenças da paisagem e antecipar o desfecho da minha escolha. Ou talvez deva arriscar neste primeiro instinto que me impele para o caminho da esquerda, de todos, talvez, o mais inesperado.
Se não fosse esta tremenda dor de cabeça talvez já soubesse a resposta.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Cheguei, sentei-me e escrevi isto
Mensagem sem grande conteúdo ou pertinência, elaborada somente para que palavras sejam escritas e letras se escoem de uma mente sobrecarregada de tudo.
Porque posso, escrevo vaidade, relutância, contemplação, morangos, madeira, esdrúxula, papel, amor, vestido, sonho, memórias, flor, lama, vidro, desejo, atracção, noite, pedra, receio, milagre, fogo, esquecimento, vida.
Leio-as três vezes e fazem mais sentido do que qualquer outra coisa.
Porque posso, escrevo vaidade, relutância, contemplação, morangos, madeira, esdrúxula, papel, amor, vestido, sonho, memórias, flor, lama, vidro, desejo, atracção, noite, pedra, receio, milagre, fogo, esquecimento, vida.
Leio-as três vezes e fazem mais sentido do que qualquer outra coisa.
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Quarto
A minha parede branco-amêndoa
Um ramo de flores laranja meio hippies
O meu quadro Paul Klee na parede oposta
A minha almofada zebra-psicadélica
A minha estante, com o seu charme de coisa branca e recta
Eu, olhando o sonho de Miró, ao lado da janela aberta.
Um ramo de flores laranja meio hippies
Um desabrochar de desaires artísticos
Nascendo daquele monte de tinta e estuque
Em direcção ao infinito e ao meu estreito espelho de parede
O meu quadro Paul Klee na parede oposta
A minha almofada zebra-psicadélica
A minha estante, com o seu charme de coisa branca e recta
Eu, olhando o sonho de Miró, ao lado da janela aberta.
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Rapariga
Olhei da minha pequena e opaca janela e vi-a
o vestido leopardo, curto e sofisticado
as collants negras que se esqueceu de despir
a gargalhada que enchia a noite
o vestido leopardo, curto e sofisticado
as collants negras que se esqueceu de despir
a gargalhada que enchia a noite
o cabelo, loiro e negro
os olhos de corvo, brilhantes
os brincos grandes, gaiolas de 24 horas loucas
como se o mundo nascesse e morresse,
como se o mundo nascesse e morresse,
a cada segundo, numa explosão de humanidade!
perante a luz do candeeiro minimalista
surgia a degradante sombra
de farrapos e de lama e de solidão
o choro que nunca saia para a noite.
como se morrer fosse só mais uma circunstância.
perante a luz do candeeiro minimalista
surgia a degradante sombra
de farrapos e de lama e de solidão
o choro que nunca saia para a noite.
como se morrer fosse só mais uma circunstância.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Novela
Vejo tv.
Não sei bem porquê.
Ao mesmo tempo
Os meus dedos deslizam nas teclas.
Duas personagens discutem o fim de um pseudo-amor de novela.
Como pode uma relação ser simultaneamente apaixonante e medíocre?
Alguém vai chorar no final desta cena.
Como se esse derradeiro acto da representação de cordel
Pudesse concluir a dissonância daqueles sentimentos
Ou apagar a ilusão da partilha de qualquer coisa que não existiu.
Tudo seria mais honesto se ali caísse de imediato um relâmpago dos céus,
Ou se o mundo se quebrasse em dois,
Ou se os dois envelhecessem 30 anos em poucos segundos.
Na vida real as lágrimas não encerram capítulos de vida.
Não sei bem porquê.
Ao mesmo tempo
Os meus dedos deslizam nas teclas.
Duas personagens discutem o fim de um pseudo-amor de novela.
Como pode uma relação ser simultaneamente apaixonante e medíocre?
Alguém vai chorar no final desta cena.
Como se esse derradeiro acto da representação de cordel
Pudesse concluir a dissonância daqueles sentimentos
Ou apagar a ilusão da partilha de qualquer coisa que não existiu.
Tudo seria mais honesto se ali caísse de imediato um relâmpago dos céus,
Ou se o mundo se quebrasse em dois,
Ou se os dois envelhecessem 30 anos em poucos segundos.
Na vida real as lágrimas não encerram capítulos de vida.
domingo, 7 de setembro de 2008
Voltei da praia
Voltei.
Já deixei as minhas pegadas na areia molhada.
Esperei pela revelação dos segredos do mundo sentada no agradável desconforto daqueles grãos infinitos.
Voei com umas asas recortadas, milimetricamente esboçadas por mim em papel de lustro.
Reconheci-me nos outros.
Voltei.
Já deixei as minhas pegadas na areia molhada.
Esperei pela revelação dos segredos do mundo sentada no agradável desconforto daqueles grãos infinitos.
Voei com umas asas recortadas, milimetricamente esboçadas por mim em papel de lustro.
Reconheci-me nos outros.
Voltei.
sábado, 30 de agosto de 2008
Estúpida
há dias que simplesmente deviam ser cortados do calendário...
ou sou eu que sou estúpida ou então nem sei...
ou sou eu que sou estúpida ou então nem sei...
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Varanda
Estou na varanda.
Quem me dera poder gritar acima de todos estes telhados e candeeiros.
Erguer a minha voz sobre as avenidas iluminadas, sobre as sete colinas e sobre o rio.
Queria que a minha alma fizesse ressonância em todas as estruturas humanas, em cada esquina, em cada prédio.
Queria que aquele homem que ali está sentado, com o cigarro entre os dedos, magro e cinzento fosses tu Álvaro, recitando numa loucura mais ou menos subtil:
"Vem, Noite antiquíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite
Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito.
Vem, vagamente,
Vem, levemente,
Vem sozinha, solene, com as mãos caídas"
in Dois Excertos de Odes. Álvaro de Campos
E de novo o meu grito, talvez ainda o eco de há pouco a misturar-se com as tuas últimas palavras.
Uma derradeira baforada de fumo e o teu aceno, rápido, para a única varanda iluminada.
Quem me dera poder gritar acima de todos estes telhados e candeeiros.
Erguer a minha voz sobre as avenidas iluminadas, sobre as sete colinas e sobre o rio.
Queria que a minha alma fizesse ressonância em todas as estruturas humanas, em cada esquina, em cada prédio.
Queria que aquele homem que ali está sentado, com o cigarro entre os dedos, magro e cinzento fosses tu Álvaro, recitando numa loucura mais ou menos subtil:
"Vem, Noite antiquíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite
Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito.
Vem, vagamente,
Vem, levemente,
Vem sozinha, solene, com as mãos caídas"
in Dois Excertos de Odes. Álvaro de Campos
E de novo o meu grito, talvez ainda o eco de há pouco a misturar-se com as tuas últimas palavras.
Uma derradeira baforada de fumo e o teu aceno, rápido, para a única varanda iluminada.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
...
Desenha-me nas paredes para que nunca te esqueças de mim!
NÃO ME APAGUES, POR FAVOR!
Hoje sonhei contigo...
Desenha-me como eu sou.
NÃO ME APAGUES, POR FAVOR!
Hoje sonhei contigo...
Desenha-me como eu sou.
O espanta-espíritos
Pequenas gotas de cristal que a luz solidificou na atmosfera e que ganham forma à frente dos meus olhos num movimento pétreo e ondulante
Baloiçam para a frente, baloiçam para trás
Projectam-se num infinito de meia dúzia de centímetros
Durante um milésimo de milésimo de segundo ficam estáticas, entre o avanço e o recuo, no fim do infinito e no início do regresso para depois voltarem ao seu movimento existencial
Não páram nunca, como num milagre da física, com uma qualquer força pseudo divina a incutir-lhes uma atroz persistência
Emitem um som monótono e agudo, um tanto ou quanto irritante e um outro tanto mágico que segundo o nome secular deve afastar as almas penadas
Baloiçam para a frente, baloiçam para trás
Projectam-se num infinito de meia dúzia de centímetros
Não páram nunca. Não páram nunca.
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Sofia
sofia
é o nome que me chamam
a legenda debaixo da minha fotografia
a suposta representação simbólica daquilo que sou.
Igual a tantas outras Sofias, através deste mundo e da história, toda uma infinitude de sonhos e delírios e defeitos e virtudes e lágrimas e sorrisos, resumida em cinco letras.
E tantas outras palavras que aqui escrevi dizem muito mais de mim, porque partem da minha alma como flechas de tinta projectando sentimentos coloridos neste pequeno abrigo.
Sou muitas coisas mas é assim que me chamam.
domingo, 24 de agosto de 2008
Labirinto
Aquela voz. Nasce das nuvens brancas e da terra húmida e sobe em espirais invisíveis e delirantes até aos meus ouvidos. Rodopia e revolve incessantemente todos os recantos da minha memória auditiva. Sinto a minha cabeça a explodir, pulsando ritmicamente com esta melodia gutural e eterna. De manhã à noite, num êxtase ou num embalo, vivo fora de mim, reencarno-me nas coisas e no fim, na exaustão de querer ser tudo, sinto-me algo perdida.
Para todos os que lêem as minhas palavras, deixo um pedaço da minha alma e dos meus pensamentos.
Juntos, algures neste labirinto.
Para todos os que lêem as minhas palavras, deixo um pedaço da minha alma e dos meus pensamentos.
Juntos, algures neste labirinto.
sábado, 23 de agosto de 2008
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
NYC
SENSAÇÕES!
Saborear cada travo forte e cada odor opulento.
Tocar todas as texturas com a ânsia de quem vive pela primeira vez.
Ser todas essas vozes e todos esses ruídos, numa fusão de humanos e coisas.
O meu cabelo ao vento e toda uma insensatez que me domina.
Arranhando sem remorsos todos os céus do planeta.
A descoberta de algo que é tudo no caos desta cidade brilhante.
Princesa geométrica, boémia e exuberante que nunca dorme!
Saborear cada travo forte e cada odor opulento.
Tocar todas as texturas com a ânsia de quem vive pela primeira vez.
Ser todas essas vozes e todos esses ruídos, numa fusão de humanos e coisas.
O meu cabelo ao vento e toda uma insensatez que me domina.
Arranhando sem remorsos todos os céus do planeta.
A descoberta de algo que é tudo no caos desta cidade brilhante.
Princesa geométrica, boémia e exuberante que nunca dorme!
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
O Beijo
Um segundo só.
Dois lábios que se tocam
Num íman irresistível
De peles macias.
Fundo musical,
Tambor e voz de mel.
Teus cabelos de ouro fulvo
Dançam entre os meus dedos.
Mercado de vaidades
Em que nos movemos.
O meu abraço no teu,
A tua boca na minha.
Rodopiamos na multidão.
O tempo e o mundo parados
Porque te beijei.
Relâmpago de paixão.
Antigos afectos inesperados
Porque te beijei.
Dois lábios que se tocam
Num íman irresistível
De peles macias.
Fundo musical,
Tambor e voz de mel.
Teus cabelos de ouro fulvo
Dançam entre os meus dedos.
Mercado de vaidades
Em que nos movemos.
O meu abraço no teu,
A tua boca na minha.
Rodopiamos na multidão.
O tempo e o mundo parados
Porque te beijei.
Relâmpago de paixão.
Antigos afectos inesperados
Porque te beijei.
quinta-feira, 31 de julho de 2008
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Banho frio
Superfície transparente e mutante,
Cortina de água
Recortando as curvas do corpo.
Véu de gotas efémeras,
Cumprindo a gravidade
Em cada centímetro de pele.
O cabelo cola-se,
Numa sedução molhada,
Sem testemunhas,
Sem intenção.
Os pensamentos tristes
Dissolvem-se na água fria
E desaparecem para sempre
Na inevitável espiral.
Cortina de água
Recortando as curvas do corpo.
Véu de gotas efémeras,
Cumprindo a gravidade
Em cada centímetro de pele.
O cabelo cola-se,
Numa sedução molhada,
Sem testemunhas,
Sem intenção.
Os pensamentos tristes
Dissolvem-se na água fria
E desaparecem para sempre
Na inevitável espiral.
Hoje... quem sou?
Agora é o momento!
Por dentro choro,
Sofro,
Reconstruo-me.
Estilhaços de mim
Debatem-se
Por um reencontro
Que nunca chegará.
Por fora
Sou só este sorriso parvo,
Esta conjunção
De máscaras fúteis,
A que me agarro agora
Para que ninguém saiba
Que sofro.
Resta-me pedir
Ao meu coração
Que sangre em silêncio,
Que adormeça
Nesta tarde quente
Sem um suspiro
Ou uma lágrima.
Que esqueça as horas,
O passado
E as memórias.
Que se esconda da luz do dia
Durante semanas, meses
Ou a vida inteira.
Sim, sou a lua branca...
Encoberta de sombras,
Misteriosa,
Triste.
Talvez amanhã alguém
Me arranque
Deste tédio emocional
Deste eclipse
De tudo o que um dia fui.
Hoje sou pó de estrelas,
Memórias de luar...
Sou nada!
Por dentro choro,
Sofro,
Reconstruo-me.
Estilhaços de mim
Debatem-se
Por um reencontro
Que nunca chegará.
Por fora
Sou só este sorriso parvo,
Esta conjunção
De máscaras fúteis,
A que me agarro agora
Para que ninguém saiba
Que sofro.
Resta-me pedir
Ao meu coração
Que sangre em silêncio,
Que adormeça
Nesta tarde quente
Sem um suspiro
Ou uma lágrima.
Que esqueça as horas,
O passado
E as memórias.
Que se esconda da luz do dia
Durante semanas, meses
Ou a vida inteira.
Sim, sou a lua branca...
Encoberta de sombras,
Misteriosa,
Triste.
Talvez amanhã alguém
Me arranque
Deste tédio emocional
Deste eclipse
De tudo o que um dia fui.
Hoje sou pó de estrelas,
Memórias de luar...
Sou nada!
domingo, 27 de julho de 2008
Lua
Lua de cartão,
Colada com fita-cola
Em papel de lustro anil.
Lantejoulas,
Vistas pelos meus olhos,
Estrelas mil,
Luzinhas acesas
Ou pirilampos.
O luar nasceu de mim,
Agora!
Fez-me ser lua de prata,
Sombra de noite
Que ressuscita e mata.
Pedaço de alma
Sem arrependimento.
Querer estar contigo
E não poder.
Saber-te de cor
Sem te conhecer!
Colada com fita-cola
Em papel de lustro anil.
Lantejoulas,
Vistas pelos meus olhos,
Estrelas mil,
Luzinhas acesas
Ou pirilampos.
O luar nasceu de mim,
Agora!
Fez-me ser lua de prata,
Sombra de noite
Que ressuscita e mata.
Pedaço de alma
Sem arrependimento.
Querer estar contigo
E não poder.
Saber-te de cor
Sem te conhecer!
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Advérbio de modo
Timidamente
VagarosamenteSubtilmente
Docemente
Vigorosamente
Calmamente
Exuberantemente
Brutalmente
Eternamente!!!!
Aqui fica a minha modesta homenagem aos Advérbios de Modo.
Porque na vida as palavras e os actos se repetem,
a criatividade depende do MODO como o fazemos!
terça-feira, 22 de julho de 2008
Madrugada
É madrugada...
O relógio do blog não está certo. Não faz mal, porque ainda que não fosse madrugada é assim que a sinto. Estendo-me nos lençóis e a luz do portátil recorta sombras largas na penumbra do meu quarto. Estou cansada. Poderia, em vão, tentar descrever a estranha sensação que é estar no limiar entre o sono e a vigília, no limbo entre a realidade e o sonho, mas não vou fazê-lo sob pena de falhar tremendamente.
Releio estas últimas palavras, demoradamente, sem pudor de adiar mais um pouco o sono premente que me assola.
Basicamente é madrugada e escrevo sobre nada.
Mas que importa? As palavras são livres e eu também...
O relógio do blog não está certo. Não faz mal, porque ainda que não fosse madrugada é assim que a sinto. Estendo-me nos lençóis e a luz do portátil recorta sombras largas na penumbra do meu quarto. Estou cansada. Poderia, em vão, tentar descrever a estranha sensação que é estar no limiar entre o sono e a vigília, no limbo entre a realidade e o sonho, mas não vou fazê-lo sob pena de falhar tremendamente.
Releio estas últimas palavras, demoradamente, sem pudor de adiar mais um pouco o sono premente que me assola.
Basicamente é madrugada e escrevo sobre nada.
Mas que importa? As palavras são livres e eu também...
Vida!
Não sei bem se estou acordada,
Vejo espirais de cores concêntricas,
Como num sonho.
Sinto uma nudez de espírito, agressiva,
Como se alcançasse a verdade do Universo
Com um só pensamento.
Preciso de mais do que o mundo me pode dar,
Numa eterna insatisfação,
Na ânsia de uma perfeição que não existe.
Aparição de outras vidas,
Sensação de verdade extrema e crua,
Vida!
É o meu corpo ou a minha alma?
Não sei!
Será que estou sequer acordada?
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Riscos na areia
Às vezes dou por mim
E não pareço fazer sentido.
Rodeada de folhas de papel:
trabalho, trabalho...
Quando tudo o que mais desejo
É sentir a brisa fresca
E molhar os pés na água salgada.
Na lassidão das horas quentes
Escrevo estas palavras
E sopro-as para longe...
Para a praia onde não posso estar
Para o abraço das ondas e do céu.
E não pareço fazer sentido.
Rodeada de folhas de papel:
trabalho, trabalho...
Quando tudo o que mais desejo
É sentir a brisa fresca
E molhar os pés na água salgada.
Na lassidão das horas quentes
Escrevo estas palavras
E sopro-as para longe...
Para a praia onde não posso estar
Para o abraço das ondas e do céu.
Chá
Vamos beber um chá...
Tu e eu.
Estou sentada na mesa do canto,
Rosto semi-escondido
Por um livro de capa verde
Cujo nome não distingues.
Já fiz o pedido.
O aroma de maçã e canela
Invade a pequena salinha rústica
E tu inclinas-te para mim.
Tens olhos cor-de-mel,
Maliciosos.
Num milésimo de segundo
Mil promessas atravessam o ar.
Os meus lábios tocam a primeira gota.
Leio mais uma frase.
Não percebo o que diz
Porque os teus olhos não deixam.
Quando terminar
Nunca mais nos veremos.
Não vais saber o nome do meu livro
Nem provarei a tua malícia.
Mas bebemos este chá juntos.
Tu e eu...
Tu e eu.
Estou sentada na mesa do canto,
Rosto semi-escondido
Por um livro de capa verde
Cujo nome não distingues.
Já fiz o pedido.
O aroma de maçã e canela
Invade a pequena salinha rústica
E tu inclinas-te para mim.
Tens olhos cor-de-mel,
Maliciosos.
Num milésimo de segundo
Mil promessas atravessam o ar.
Os meus lábios tocam a primeira gota.
Leio mais uma frase.
Não percebo o que diz
Porque os teus olhos não deixam.
Quando terminar
Nunca mais nos veremos.
Não vais saber o nome do meu livro
Nem provarei a tua malícia.
Mas bebemos este chá juntos.
Tu e eu...
...
Sim, estou aqui sentada e sinto....
Imensa vontade...
Voar e fundir-me com o SOL
Voltar envolta em chamas
E amar o mundo inteiro!
Porque tantas vezes não me entendo
Na imprevisível PLENITUDE
De ser quem sou...
Rasgar o céu,
Através desse ingrato espelho.
Ir onde ninguém foi,
Ser alguém que não existe!
Viver num BEIJO!
Imensa vontade...
Voar e fundir-me com o SOL
Voltar envolta em chamas
E amar o mundo inteiro!
Porque tantas vezes não me entendo
Na imprevisível PLENITUDE
De ser quem sou...
Rasgar o céu,
Através desse ingrato espelho.
Ir onde ninguém foi,
Ser alguém que não existe!
Viver num BEIJO!
Vestido vermelho
Rasgaste o meu vestido vermelho...
Rasgaste-o!
Caída nas escadas,
Na lama, na estrada, no chão...
Vejo-te ir embora
Na indiferença dos corações de pedra.
Estou perdida
Na escura humilhação,
Na mais profunda dor,
Algures num beco sem nome
Envolta em retalhos vermelhos!
Por favor!
Por favor!...
Tenho frio e estou perdida!
O meu amor de ontem
Deixou-me caída nas escadas,
Sem explicação nenhuma
E com um vestido rasgado!
Rasgaste-o!
Caída nas escadas,
Na lama, na estrada, no chão...
Vejo-te ir embora
Na indiferença dos corações de pedra.
Estou perdida
Na escura humilhação,
Na mais profunda dor,
Algures num beco sem nome
Envolta em retalhos vermelhos!
Por favor!
Por favor!...
Tenho frio e estou perdida!
O meu amor de ontem
Deixou-me caída nas escadas,
Sem explicação nenhuma
E com um vestido rasgado!
domingo, 20 de julho de 2008
Dedicatória
Escrevo para ti, que nunca lerás estas palavras, que nunca saberás quem sou mesmo depois de me teres beijado, abraçado e partilhado a minha cama...
O tempo escorre, em preguiçosas gotas de água, marcando em pequenos silêncios e breves salpicos a distância entre nós. Numa outra vida talvez nos reencontremos, talvez estas palavras ainda existam, algures numa dimensão paralela a esta e tu possas lê-las, mergulhar nelas como se fossem o tesouro derradeiro, a prova final de que o amor existiu para nós os dois.
Escrevo para ti, na tua indiferença e na minha mágoa. Letras que partem da minha alma num corropio, ansiosas pelo teu abraço e pelo teu afecto mesmo sabendo que jamais as lerás.
Jamais chegarão, docemente, aos teus olhos de anémona ou aos teus ouvidos.
Jamais serão tuas embora eu o seja, para sempre.
*** (eu quis ser...)
O tempo escorre, em preguiçosas gotas de água, marcando em pequenos silêncios e breves salpicos a distância entre nós. Numa outra vida talvez nos reencontremos, talvez estas palavras ainda existam, algures numa dimensão paralela a esta e tu possas lê-las, mergulhar nelas como se fossem o tesouro derradeiro, a prova final de que o amor existiu para nós os dois.
Escrevo para ti, na tua indiferença e na minha mágoa. Letras que partem da minha alma num corropio, ansiosas pelo teu abraço e pelo teu afecto mesmo sabendo que jamais as lerás.
Jamais chegarão, docemente, aos teus olhos de anémona ou aos teus ouvidos.
Jamais serão tuas embora eu o seja, para sempre.
*** (eu quis ser...)
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