sábado, 30 de agosto de 2008

Estúpida

há dias que simplesmente deviam ser cortados do calendário...


ou sou eu que sou estúpida ou então nem sei...

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Varanda

Estou na varanda.
Quem me dera poder gritar acima de todos estes telhados e candeeiros.
Erguer a minha voz sobre as avenidas iluminadas, sobre as sete colinas e sobre o rio.
Queria que a minha alma fizesse ressonância em todas as estruturas humanas, em cada esquina, em cada prédio.
Queria que aquele homem que ali está sentado, com o cigarro entre os dedos, magro e cinzento fosses tu Álvaro, recitando numa loucura mais ou menos subtil:


"Vem, Noite antiquíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio, Noite
Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito.

Vem, vagamente,
Vem, levemente,
Vem sozinha, solene, com as mãos caídas"

in Dois Excertos de Odes. Álvaro de Campos


E de novo o meu grito, talvez ainda o eco de há pouco a misturar-se com as tuas últimas palavras.

Uma derradeira baforada de fumo e o teu aceno, rápido, para a única varanda iluminada.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

...

Desenha-me nas paredes para que nunca te esqueças de mim!

NÃO ME APAGUES, POR FAVOR!

Hoje sonhei contigo...

Desenha-me como eu sou.

O espanta-espíritos

Pequenas gotas de cristal que a luz solidificou na atmosfera e que ganham forma à frente dos meus olhos num movimento pétreo e ondulante
Baloiçam para a frente, baloiçam para trás
Projectam-se num infinito de meia dúzia de centímetros
Durante um milésimo de milésimo de segundo ficam estáticas, entre o avanço e o recuo, no fim do infinito e no início do regresso para depois voltarem ao seu movimento existencial
Não páram nunca, como num milagre da física, com uma qualquer força pseudo divina a incutir-lhes uma atroz persistência
Emitem um som monótono e agudo, um tanto ou quanto irritante e um outro tanto mágico que segundo o nome secular deve afastar as almas penadas
Baloiçam para a frente, baloiçam para trás
Projectam-se num infinito de meia dúzia de centímetros
Não páram nunca. Não páram nunca.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Sofia


sofia
é o nome que me chamam
a legenda debaixo da minha fotografia
a suposta representação simbólica daquilo que sou.


Igual a tantas outras Sofias, através deste mundo e da história, toda uma infinitude de sonhos e delírios e defeitos e virtudes e lágrimas e sorrisos, resumida em cinco letras.

E tantas outras palavras que aqui escrevi dizem muito mais de mim, porque partem da minha alma como flechas de tinta projectando sentimentos coloridos neste pequeno abrigo.

Sou muitas coisas mas é assim que me chamam.

domingo, 24 de agosto de 2008

Labirinto

Aquela voz. Nasce das nuvens brancas e da terra húmida e sobe em espirais invisíveis e delirantes até aos meus ouvidos. Rodopia e revolve incessantemente todos os recantos da minha memória auditiva. Sinto a minha cabeça a explodir, pulsando ritmicamente com esta melodia gutural e eterna. De manhã à noite, num êxtase ou num embalo, vivo fora de mim, reencarno-me nas coisas e no fim, na exaustão de querer ser tudo, sinto-me algo perdida.

Para todos os que lêem as minhas palavras, deixo um pedaço da minha alma e dos meus pensamentos.

Juntos, algures neste labirinto.

sábado, 23 de agosto de 2008

Busca

gostava de ver de perto as estrelas...

às vezes sinto-me perdida neste imenso azul celeste!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

NYC

SENSAÇÕES!
Saborear cada travo forte e cada odor opulento.
Tocar todas as texturas com a ânsia de quem vive pela primeira vez.
Ser todas essas vozes e todos esses ruídos, numa fusão de humanos e coisas.

O meu cabelo ao vento e toda uma insensatez que me domina.
Arranhando sem remorsos todos os céus do planeta.

A descoberta de algo que é tudo no caos desta cidade brilhante.

Princesa geométrica, boémia e exuberante que nunca dorme!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

O Beijo

Um segundo só.
Dois lábios que se tocam
Num íman irresistível
De peles macias.

Fundo musical,
Tambor e voz de mel.
Teus cabelos de ouro fulvo
Dançam entre os meus dedos.

Mercado de vaidades
Em que nos movemos.
O meu abraço no teu,
A tua boca na minha.

Rodopiamos na multidão.
O tempo e o mundo parados
Porque te beijei.

Relâmpago de paixão.
Antigos afectos inesperados
Porque te beijei.