tag:blogger.com,1999:blog-42111760345920620652024-03-05T07:40:30.623-08:00O Outro BlogTransfiguração de mimclepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.comBlogger84125tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-48426210591303681902013-02-06T15:09:00.000-08:002013-02-06T15:09:03.881-08:00O primeiro blogue<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Se este é o outro deve haver um primeiro...<br /><br />... e o primeiro é<a href="http://www.sofia-atraves-do-espelho.blogspot.pt/"> ESTE</a>.</span>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-37540950286565315472012-08-21T15:56:00.001-07:002012-08-21T15:57:16.361-07:00Duche<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Quero escrever sobre o banho de palavras absurdas, gorgolejantes e extasiadas que me ocorrem quando a água tépida me define os contornos, nos olhos fechados das quatro paredes de azulejos.<br /></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>Lavam-me</i>, as gotas mudas desses finais de dia.</span><br /><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>Completa-me</i>, a pressão fresca que jorra do céu.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>Enquadra-me</i>, a cortina transparente ondulante.</span><br />
<div>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br />Renasço e recomeço, despida de tudo.</span></div>
clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-40537223219498793962012-07-26T14:21:00.000-07:002012-07-26T14:21:02.391-07:00Uma história na noite<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Saio de casa, metade da noite já volvida, num passo acelerado mas silencioso, saltitando longe dos focos de luz dos candeeiros da rua. Peço por tudo para passar despercebida, ser só mais uma sombra entre tantas outras.<br />Quase me esqueci de ti, quase. Mas a noite nunca me deixa repousar o coração. Chega de mansinho e relembra-me. Estás no ar quente do entardecer, no ténue luar, no ruído abafado da cidade. Dou por mim a precisar de espairecer, mais uma vez. É por isso que saio incógnita e apressada, deixando estupefactos os poucos transeuntes noctívagos, os vagabundos tristes e os boémios das horas mortas.<br />Soubesses tu onde estou e preocupavas-te. Franzias a testa e cerravas o olhar. Usavas a tua voz pausada e grave, na modalidade especial que usas para os conselhos ponderados e para os sermões.</span><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Provavelmente acenarias negativamente em jeito de desabafo quando eu insistisse no meu devaneio nocturno. Mesmo que te explicasse que só assim me foges da ideia, com o ar frio e ligeiramente húmido da noite a cercar-me toda, provavelmente não entenderias. Porque não há ciência nisso, Sofia, nem lógica, nem fio de novelo que me faça compreender a relação entre o frio da noite e a amnésia selectiva. E eu persistiria, já numa corrida mental e literal pela calçada, os olhos marejados (da emoção ou do frio, pouco interessa) à procura do maravilhoso portal do esquecimento. Talvez na próxima esquina se cale a tua voz na minha cabeça, a tua mão no meu flanco ou os teus lábios no meu ombro.<br />O que não tem solução, dizem, está solucionado. Tardo em compreender realmente, de alma cheia, esta máxima desapaixonada. Para mim a solução era estares aqui e nenhuma outra me serve, para já. Tudo o resto apenas atenua a saudade, bálsamo fresco na pele dorida.</span>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-35609151120938133042012-06-16T15:31:00.000-07:002012-06-16T15:31:13.446-07:00Dissociação<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Mal a porta se entreabre e eu já sei que estás em casa - a luz acesa do quarto, o cheiro a chá quente e a música que toca baixinho preenchem-me os sentidos e denunciam a tua doce e voluptuosa presença.</span><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Chego a demorar mais minutos do que necessário só para não parar de te imaginar. Talvez a água do banho esteja a correr ou a porta da varanda aberta ou o livro que te comprei preguiçosamente pousado na colcha enquanto dormes o sono das sete da tarde.</span><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Esta casa era minha até tu apareceres. Até te apoderares dela com a subtileza de um raio de luar. Tudo é teu, agora, desde a soleira da porta até cada pormenor de cada divisão.</span><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Estou, assim, embriagada de ti quando apareces e me abraças, vindo não sei bem de onde, para concretizar os meus pensamentos. Sinto-te e sinto a derradeira verdade do amor - já nada aqui ou em mim me pertence completamente.</span>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-8878801291630701642012-06-13T15:06:00.003-07:002012-06-13T15:06:28.201-07:00A vida e o instante<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A ti que te vi nascer, por condicionantes da profissão e da circunstância, coube-te na roleta sádica do destino sofrer desde o primeiro segundo. </span><div>
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">A primeira e ténue inspiração e o batimento solto do coração doente deram a todos naquela a sala a ilusão de que viverias mais do que umas curtas horas.<br /></span><div>
<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Apercebo-me, mais uma vez, de que nada sei sobre o sofrimento e a perda porque a tua mãe, de olhos bem abertos, testemunhou o teu pequenino sopro de vida a desaparecer e nem murmurou uma palavra. Mesmo antes, quando ainda aguardava o momento do teu nascimento, os olhos vidrados e a face inexpressiva perante a probabilidade da tragédia, não lhe ouvi a voz. Ainda assim, tudo naquela sala era ensurdecedor.</span></div>
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<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">E depois, cá fora, a vida continuava. Aliás, muitas novas vidas começavam.</span></div>
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<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O instante que demoro a escrever isto foi a tua vida inteira. Não tiveste outra oportunidade. Nasceste e acabou tudo, sem segunda hipótese, sem um aconchego ou um beijo.</span></div>
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<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Inútil ignóbil roleta do destino. </span></div>
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<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O mundo segue enquanto duas vidas terminam, uma delas na tortura de te ter sobrevivido. </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> </span></div>
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<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Adeus.</span></div>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-80913540785670768602012-04-14T12:18:00.000-07:002012-04-14T12:18:35.082-07:00Casa de Fumo<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não há prisão como esta casa, sem paredes ou grades, sem guardas, sem câmaras de vigilância. <br /><br />O perigo é tão grande lá fora que todos nós, prisioneiros de olhos abertos, permanecemos encobertos neste fumo onde os raios de sol só chegam filtrados, as vozes soam a ecos e o futuro é este presente repetido.<br /><br />Há sempre aqueles dois ou três que tentaram evadir-se (ignorando os apelos desesperados da consciência e da auto-preservação) e que regressaram de alma derretida, cegos da luz brilhante, agora encolhidos no seu frio quadrado de mosaico.<br /><br />Lembro-me de ser bailarina neste fumo negro, de achar que era parte dele e de o respirar como num último fôlego. Mas o fumo não traz verdade. Traz apenas consolação.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Amanhã é o meu dia de saltar da cortina de vapor preto e expor a minha alma às altas temperaturas. <br /><br />Se eu derreter por favor relembrem-me como a bailarina da luz.</span>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-34469649544182281122012-03-03T16:51:00.000-08:002012-03-03T17:08:01.586-08:00Parque de estacionamentoFraco, ofegante,<br />Escorres tu e a memória.<br />E eu escuto, penosa<br />A tua triste história.<br /><br />Nas minhas costas nuas<br />A tua faca, cravada.<br />No eco negro das ruas<br />Não me resta nada.<br /><br />És o muro baixo e áspero<br />Do estacionamento<br />Onde não houve conforto<br />Para o meu lamento.<br /><br />Dos gritos ainda presos<br />No cruel e vil betão<br />Relembro cada sílaba,<br />olhos vazios, a cor do chão.clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-78113171498790995892012-02-12T10:18:00.000-08:002012-02-12T10:36:15.360-08:00SuficienteAs personagens que eu criei para mim própria atormentam-me. <div><br />A amiga, a namorada, a filha, a profissional, a cidadã - todas elas me devoram devagar, mastigam cada pedaço da minha individualidade e engolem-na ruidosamente para o abismo das suas entranhas.</div><div><br />Acreditem, eu já não me lembro de mim. Doem-me os braços de tentar mergulhar profundamente no oceano da felicidade, do sucesso, do amor, da realização pessoal e nem um metro desci. Será possível que alguns de nós vivam anos simplesmente a boiar na água salgada?Os cabelos crespos de sal e a garganta dorida de gritar. Noite e dia. Verão e Inverno.</div><div><br />Lá em baixo os peixinhos nadam nos recifes de coral. Peixinhos que já foram pessoas, que mergulharam e harmoniosamente desceram até ao fundo do mar, construíram uma casa, tiveram filhos, estabeleceram as barbatanas como raízes e agora dizem-me um adeus de bolhinhas e caudas coloridas.</div><div><br /></div><div>E eu aqui estou, a pele das mãos enrugada, os ossos gelados, a roupa colada ao corpo, prestes a desistir de nadar.</div><div>A combater estoicamente a vontade de partir todos os objectos frágeis, romper todos os tecidos, despir-me de todas as roupas e gritar este mundo e o outro pela janela.</div><div><br /></div><div>Num canto, a frase que repetitivamente me assalta: "o meu melhor não é suficiente, o meu melhor não é suficiente, o meu melhor não é suficiente".</div>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-1037401648982729952011-12-29T13:46:00.000-08:002011-12-29T14:20:47.983-08:00Metamorfose<div style="text-align: center;">Eu era a <span ><b>lagarta</b></span> frágil e tímida que se demorava nos veios frescos da folha.</div><div style="text-align: center;">Roliça e redundante no universo <span ><b><span>verde</span></b> </span>daquela floresta.<br /></div><div><div style="text-align: center;">Guiada pelo instinto seguia o percurso cintilante das gotas de orvalho até ao inevitável abismo do vértice vegetal.</div><div style="text-align: center;">No fim do caminho a gigantesca disputa, os meus pequenos olhos esbugalhados perante a <b><span >atmosfera</span></b> infinita. </div><div style="text-align: center;">Iniciei o árduo trabalho de me enrolar em seda. Rodopiei até à exaustão numa <b><span >dança</span></b> fervorosa e geneticamente determinada.</div></div><div style="text-align: center;">No fim eu era apenas um <span ><b>corpo</b></span> amorfo e imóvel à espera que os dias passassem. Nem morta, nem viva, no limbo da existência, esqueci quem era e transformei-me em algo diferente.<br /><br /><b><span >Borboleta!</span></b></div>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-53062826192859338642011-12-10T06:36:00.000-08:002011-12-10T06:49:59.510-08:00Sol de InvernoÉ quase Inverno mas o sol brilha.<br />Hoje, como tantas outras vezes, o tempo assemelha-se ao meu estado de espírito.<br /><br />Estou desiludida e nostálgica. O fluxo de sentimentos interrompido, a alma gelada como o clima lá fora. Mas, na ressaca da grande decisão, estou aliviada. Um peso enorme que desapareceu e um holofote de raios de sol que agora me ilumina amenizam o chão coberto de neve e as estalactites de gelo que pendem dos vértices do meu corpo.<br /><br />Não me parece que houvesse Amor naquilo que eu era até ontem, entre a espada e a parede, humilhada e traída mas, ainda assim, a tentar encontrar uma migalha que salvasse a relação.<br />No início havia um bolo grande e cheio de afecto. Havia. Depois alguém o devorou sem remorsos deixando apenas estas migalhinhas milimétricas que eu, estupidamente, lambi do chão sujo.<br /><br />Pelo menos agora, que não resta nada, não há desculpa para não começar de novo.clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-58714682567723592212011-10-10T12:14:00.000-07:002011-10-10T12:20:09.818-07:00O fim do dilema<span class="Apple-style-span" >O fim do dilema é profundamente doloroso e estranhamente libertador.<br />Anos passados a hastear bandeiras de valores, confiança e respeito não podem ser em vão.<br /><br />O contexto não justifica tudo. Reside em nós a derradeira decisão. Agarrar-me-ei a esta convicção até que as forças me falhem e o tempo me consuma a sanidade.<br /><br />A vida continua.</span>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-7226667975182426742011-08-25T16:34:00.000-07:002011-08-25T16:48:07.066-07:00Dilema<span class="Apple-style-span" >Hoje faço uma pergunta.
<br />É para vocês porque as minhas possibilidades de resposta já se esgotaram, consumiram os meus sorrisos, transformaram aquilo que podia ser bom numa constante tortura.
<br />
<br />O que fazer quando amamos alguém cujo passado nos perturba?</span><div><span class="Apple-style-span" >Ainda que o tempo tenha passado e tudo o que aconteceu de condenável esteja longínquo. Ainda que não fizéssemos parte das histórias quando elas aconteceram. Ainda que a expressão dele se assombre quando se mencionam os factos decorridos.
<br />Já tentei esquecer mas não consigo. Vislumbro tudo como se acontecesse diante dos meus olhos. Quero acreditar na pessoa que tenho ao meu lado mas há sempre uma sombra, um passado que apaga os contornos da minha confiança e que ameaça projectar-se no futuro. Mas uma sombra sem lógica, sem fundamento.
<br />
<br />O que fazer para viver plenamente no presente e esquecer o que deveria estar morto e enterrado?</span></div>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-57399322247981515832011-07-24T10:19:00.000-07:002011-07-24T10:36:45.357-07:00ResponsabilityNão venha o tempo dizer-me que eu sou louca, já eu conjecturei esse cenário, dada a quantidade de vezes que olho em volta e me encontro diferente do resto do mundo.<br /><br />Conversamos e todos se riem das imoralidades do quotidiano, é banal por isso perdoa-se, todos fazem por isso não há problema, desde que não seja o próprio a ostentar a coroa de totó eis que faz sentido gargalhar aqui com a malta... Toda a gente sabe que estas coisas desagradáveis só acontecem aos pacóvios, porque quem se ri assim, de escárnio e puro gozo, tem uma inteligência que se eleva a tudo isto.<br /><br />Mas eu não. Não me vou perdoar pelas coisas menos éticas que fiz, pelas vezes que ignorei que era responsável por aqueles que cativava, que apontei uma lupa ao umbigo e me concentrei nessa visão distorcida. E não me rirei deles, das lágrimas que choraram e das noites em que não dormiram.<br /><br />Já dizia o outro que um grande poder traz uma grande responsabilidade e isso nunca é mais verdade do que nos relacionamentos. O sentido de responsabilidade não é uma obrigação exclusiva de super-heróis e primeiros-ministros.clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-895240716730767972011-07-01T16:57:00.000-07:002011-07-01T17:11:14.985-07:00FantasmasEu tenho os meus próprios fantasmas, não preciso dos teus.<br /><br />Tenho os meus debaixo da cama, amestrados, sedados, enrolados em papel escuro, contraídos sobre si próprios num equilíbrio que demorou anos a atingir.<br />Os teus, não os conheço bem. Parecem-me, a esta distância, assustadores, tentáculos que te abraçam todos os dias num afecto doentio e doloroso que alimentaste ao longo do tempo, no masoquismo lamentável de quem não tem coragem para dar o passo em frente.<div><br />Não mos entregues agora, não partilho almas penadas.<br />Basta-me já a dor de os ver reflectidos nos teus olhos, a sensação de os ter comigo como uma pedra no sapato da qual não me posso desfazer.</div><div><br /></div><div>E o pior de tudo é vê-los aumentar quando falamos neles e por isso ter de fingir que não existem, que não passeiam na penumbra do quarto, que não sobrevoam o nosso abraço, que não conspurcam os nossos sonhos, que não comprometem o nosso futuro.<br /><br /></div><div> </div>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-76476056785668777402011-06-21T16:45:00.000-07:002011-06-21T17:00:20.464-07:00Acorda e acorda-me!Encho-me de tédio de mim mesma.<div>Doem-me os olhos de me ver e rever ao espelho.</div><div>Mesmo quando a escuridão me rodeia e adormeço, sinto-me na prisão do meu corpo, convulsões tempestuosas para sair da gaiola humana.<br /><br /></div><div>O teu toque já não é suficiente para me despertar do cárcere e por isso desinquieto-me. Apetece-me apertar as tuas mãos com força quase bruta para que percebas que preciso de mais, preciso de me fundir contigo, de sair de mim, de ver o meu reflexo nos teus olhos e não na estática e descorada superfície do espelho.<br /><br />Acorda e acorda-me!<br /><br />Tenho medo que a tua alma fique para sempre assim, baça, que as nossas mãos se desenlacem e fiquem inertes, apenas mais uma parte de um corpo triste e amorfo.<br /></div><div><br />Tenho medo de acordar e querer ir embora.</div>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-33454806425969673022011-02-02T15:13:00.000-08:002011-02-02T15:20:59.454-08:00As histórias de amor são ridículasPassa o tempo e passam as pessoas.<br /><br />O blog fica, persiste, imutável na sua essência.<br />Será para sempre o local onde tudo pode ser escrito, relatado, chorado e exorcizado.<br />Será para sempre um local imune à censura, redoma da minha espontaneidade literária, abrigo do qual jamais abdicarei.<br /><br />Se me dispo de todos os mecanismo de defesa e me revelo na minha fragilidade gritante então que assim seja, se se cansa quem lê do tom obscuro e melancólico então que pare de ler, que adormeça, que se esqueça do meu nome e de tudo o resto que o embaraça.<br /><br />Porque todas as histórias de amor são ridículas.clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-29464629307893083282010-12-13T18:24:00.001-08:002010-12-13T18:25:08.365-08:00<span class="Apple-style-span" ><span class="apple-style-span"><i><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; ">A lua antecipa-se à escuridão total enquanto a princesa penteia 100 vezes o cabelo à janela do castelo de betão e tijolo:</span></i></span><span style="font-family: 'Trebuchet MS'; "><br /><br /><span class="apple-style-span">Não tenho para jeito para me ir embora.</span><br /><span class="apple-style-span">E por isso vou ficando, mesmo que as flores definhem e o vento gélido me anestesie os sentimentos. Encostada gentilmente à parede, a fumar um cigarro invisível, enredada no vício de aqui estar.</span><br /><br /><span class="apple-style-span">Sinto aquela náusea dos amores não correspondidos, dos amores antigos revisitados, dos amores não compreendidos.</span><br /><br /><span class="apple-style-span">Nem sequer há dragões que impeçam de aqui chegar, não há floresta densa nem mitos de uma morte lenta, mas ainda assim não tenho na minha curta vida visto príncipes, a cavalo, a pé ou de lambreta, ou aos trambolhões, ou empurrados ou sequer enganados à procura do caminho para o mundo sem-princesas.</span><br /><br /><span class="apple-style-span">Ouvi uma música e comecei uma incrível história da conspiração, parece portanto que o mundo é deserto de romantismo e o meu destino é tropeçar nas pegadas dos outros. É por isso que são estas belas horas da madrugada e eu aqui estou, o cabelo penteado, a fazer um curativo no pé direito, violento que foi o pontapé que dei na parede em que vivo encostada.</span><span class="apple-converted-space"> </span><br /><span class="apple-style-span">"Não cuspas na mão que te alimenta", remói ela na sua perplexidade de cimento.</span><span class="apple-converted-space"> </span><br /><span class="apple-style-span">E deve ter razão.</span></span></span>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-1056457973427981412010-12-08T16:43:00.000-08:002010-12-08T18:06:24.658-08:00Ring, Ring<b><i>Ring... Ring...</i></b><br /><br />The cellphone.<br /><br />My head.<br /><br />Soundtrack of those lazy hours, my anxiety growing over the room.<br /><br /><b><i>Ring... Ring...</i></b>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-91877186900413006992010-12-07T19:05:00.000-08:002010-12-07T19:20:19.097-08:00A PrincesaO mundo mudou enquanto adormeci.<br /><br />Foram dias e semanas, a respiração profunda, entrecortada por monossílabos indecifráveis e canções.<br /><br />Cheguei coberta com a areia dos sonhos e agora os lençóis abraçam-me, num confortável mas mundano aconchego.<br /><br />Os meus sonhos imutáveis, adormecidos no seu caixão de ouro, adornados com a hera dos séculos, pouso neles a minha mão bronzeada e quero a mão branca da princesa que já fui.<br /><br />Não sei que lógica é esta que me agarra aos caminhos de poeira, fustigados pelo sol, sem uma sombra de árvore onde refrescar o cabelo em chamas, sem uma nascente de água onde acalmar o ardor dos lábios. Só porque o final é a promessa daquele canapé de vidro, que é o amor de me quereres sempre contigo e nunca haver cansaço nas nossas mãos dadas.<br /><br />E se me dizes que não consigo, quebrarei as pétalas que deixaste cair, sem fúria, sem pena, apenas num suspiro de recordação por terem sido, um dia, tão belas.clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-22079816492522994802010-10-29T16:51:00.000-07:002010-10-29T17:14:01.217-07:00Sofia, a estúpidaPronto, já chorei.<br /><br />Aquela actividade habitual a que me dedico nos momentos de frustração.<br /><br />Choro e depois escrevo: aqui no blog, num post-it, no verso de um recibo, no canto de uma fotocópia obsoleta, às vezes em papéis oficiais nos quais não o deveria fazer, outras vezes ainda só na minha intrincada imaginação.<br /><br />Quase sempre de noite, quase sempre quando todos já se deitaram, quase sempre com o receio antecipado de não conseguir adormecer. Hoje precavi-me. Já dei a Morfeu uma ajudinha farmacológica para que a noite não me traga mais dissabores.<br /><br />Planeio ler mais qualquer coisa, fingir que estudo, ocupar parte do meu cérebro com alguma coisa que não sejas tu. A seguir vou recostar-me no sofá da sala, ver um episódio gravado de Criminal Minds e esperar que envies a mensagem que não vais enviar para que eu confirme a minha suspeita: sou fraca.<br /><br />Talvez adormeça por ali, com a manta a cobrir-me o corpo friorento, o comando num equilíbrio precário entre a beirinha do sofá e a atmosfera, a televisão sem som a projectar imagens para a multidão de ninguéns que vive na minha sala a essa hora.<br /><br />Umas horas depois do esperado vais dizer alguma coisa. Com um <i>smile</i> pelo meio e beijinhos como se fossem 2 da tarde, dia de sol em pleno Verão e eu a acabar de acordar numa cama sumptuosa.<br /><br />É provável que responda um impropério qualquer, as minhas defesas já suplantadas pelo tardio da hora e pelo efeito do fármaco. Mas como sou fraca e previsível pedirei desculpa logo pela manhã como se a ofensa fosse minha, só para poder esconder, por um bocadinho que seja, esta nuvem negra que sobre mim paira, que é tu zangares-te e ires embora.clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-16848427910169585252010-10-19T17:09:00.001-07:002010-10-19T17:10:23.898-07:00Fix You (by Coldplay, featuring my life probably)<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, Helvetica, Arial; font-size: 11px; ">When you try your best, but you don't succeed<br />When you get what you want, but not what you need<br />When you feel so tired, but you can't sleep<br />Stuck in reverse<br /><br />And the tears come streaming down your face<br />When you lose something you can't replace<br />When you love someone, but it goes to waste<br />Could it be worse?<br /><br />Lights will guide you home<br />And ignite your bones<br />And I will try to fix you<br /><br />And high up above or down below<br />When you're too in love to let it go<br />But if you never try you'll never know<br />Just what you're worth<br /><br />Lights will guide you home<br />And ignite your bones<br />And I will try to fix you<br /><br />Tears stream down on your face<br />When you lose something you cannot replace<br />Tears stream down on your face<br />And on your face I...<br /><br />Tears stream down on your face<br />I promise you I will learn from my mistakes<br />Tears stream down on your face<br />And on your face I...<br /><br />Lights will guide you home<br />And ignite your bones<br />And I will try to fix you</span>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-64004392830833630392010-10-18T17:23:00.000-07:002010-10-18T17:38:24.724-07:00Chorar<object width="560" height="340"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/A6s49OKp6aE?fs=1&hl=pt_PT&color1=0x3a3a3a&color2=0x999999"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/A6s49OKp6aE?fs=1&hl=pt_PT&color1=0x3a3a3a&color2=0x999999" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="560" height="340"></embed></object><br /><br /><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: center;"><br /><div style="text-align: left;">Ouço esta música e o meu coração encontra-se. Em cada batimento um pequenino segredo que se revela. Daqueles que são só nossos e que por vezes catalogamos em sussurros só para termos a certeza que continuam aqui, enclausurados nas suas pequeninas gaiolas douradas, empacotados com uma data e um nome.<br /><br />Eu choro e ninguém sabe. Cada lágrima é a catarse necessária. Eu choro e ninguém sabe. Sofrem tão mais do que eu. Eu choro e ninguém sabe. A melancolia é o mar em que eu nado e respiro, não tentem vir buscar-me. Eu choro e ninguém sabe. Regresso em paz das lágrimas, salva para os braços de quem gosto.<br /><br />E esta música é como chorar.</div></div>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-70526335622525985962010-10-17T16:34:00.000-07:002010-10-17T17:03:12.727-07:00Não gosto da parábola do filho pródigo<div style="text-align: center;">Não gosto da parábola do filho pródigo.</div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: center;">Não gosto que matem bois para alimentar ingratos.</div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: center;">Não gosto que a palavra de alguém ausente valha mais que 1000 acções de quem está sempre lá.</div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: center;">Não gosto de sentir medo que o meu mundo se desmorone porque alguém acordou mal-disposto.</div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: center;">Não gosto que matem bois para festejar o regresso de quem não queria voltar.</div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: center;">O filho pródigo que nunca me bata à porta pois corre o risco de dormir na rua.</div>clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-20913271260967717572010-10-15T08:22:00.001-07:002010-10-15T08:23:02.359-07:00O dia em que eu nasci...<br /><br />- Têm a certeza que querem pôr a cruz no pack sonhadora/idealista?<br />- Sim, temos.<br />- Muito bem. Aqui está a vossa filha.<br /><br />...clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4211176034592062065.post-21598330506611769572010-10-15T06:04:00.000-07:002010-10-15T06:22:10.580-07:00A minha casa novaLi avidamente tudo aquilo como se a minha vida dependesse disso.<br /><br />Senti crescer a ansiedade mas ainda assim insisti. Tinha de descobrir um segredo que abrisse a tua alma de par em par, que te expusesse de forma tão inequívoca que não pudesses jamais esconder de mim o que quer que fosse.<br /><br />Aquilo que consegui foi tão diferente. Começaste a construir-te em palavras que não queria ler, em histórias que não queria saber, em momentos que preferia que ficassem para sempre enclausurados no local em que tinham, vergonhosamente, acontecido. Aquela náusea já familiar ocupou-me e eu desliguei tudo.<br /><br />Não interessa o que aconteceu logo a seguir. Só interessa que nesses dias cresci para lá de 1 metro de altura e envelheci para lá de 10 anos. Muitas palavras alheias que tinha acumulado no baú dos conselhos indecifráveis começaram a fazer sentido; melhor, fizeram sentido de uma forma tão crua e violenta que demorei algum tempo a voltar a mim e a reorganizar as minhas prioridades.<br /><br />O passado ficou lá fora, a flutuar no corredor húmido e bafiento. Tu entraste em minha casa e ocupaste o sofá vazio e confortável junto à lareira. Eu deitei fora algumas coisas que já não faziam falta, repus no seu devido lugar molduras que tinha escondido numa gaveta, até fui tolerante com a aranha teimosa que construiu uma teia fenomenal no cantinho da varanda.clepsidrahttp://www.blogger.com/profile/04889378097537554143noreply@blogger.com0