quinta-feira, 31 de julho de 2008

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SeR en DI pi TY !!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Banho frio

Superfície transparente e mutante,
Cortina de água
Recortando as curvas do corpo.

Véu de gotas efémeras,
Cumprindo a gravidade
Em cada centímetro de pele.

O cabelo cola-se,
Numa sedução molhada,
Sem testemunhas,
Sem intenção.

Os pensamentos tristes
Dissolvem-se na água fria
E desaparecem para sempre
Na inevitável espiral.

Hoje... quem sou?

Agora é o momento!
Por dentro choro,
Sofro,
Reconstruo-me.
Estilhaços de mim
Debatem-se
Por um reencontro
Que nunca chegará.
Por fora
Sou só este sorriso parvo,
Esta conjunção
De máscaras fúteis,
A que me agarro agora
Para que ninguém saiba
Que sofro.
Resta-me pedir
Ao meu coração
Que sangre em silêncio,
Que adormeça
Nesta tarde quente
Sem um suspiro
Ou uma lágrima.
Que esqueça as horas,
O passado
E as memórias.
Que se esconda da luz do dia
Durante semanas, meses
Ou a vida inteira.
Sim, sou a lua branca...
Encoberta de sombras,
Misteriosa,
Triste.
Talvez amanhã alguém
Me arranque
Deste tédio emocional
Deste eclipse
De tudo o que um dia fui.
Hoje sou pó de estrelas,
Memórias de luar...
Sou nada!

domingo, 27 de julho de 2008

Lua

Lua de cartão,
Colada com fita-cola
Em papel de lustro anil.
Lantejoulas,
Vistas pelos meus olhos,
Estrelas mil,
Luzinhas acesas
Ou pirilampos.

O luar nasceu de mim,
Agora!
Fez-me ser lua de prata,
Sombra de noite
Que ressuscita e mata.
Pedaço de alma
Sem arrependimento.

Querer estar contigo
E não poder.

Saber-te de cor
Sem te conhecer!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Advérbio de modo

Timidamente
Vagarosamente
Subtilmente
Docemente
Vigorosamente
Calmamente
Exuberantemente
Brutalmente
Eternamente!!!!
Aqui fica a minha modesta homenagem aos Advérbios de Modo.
Porque na vida as palavras e os actos se repetem,
a criatividade depende do MODO como o fazemos!

terça-feira, 22 de julho de 2008

Madrugada

É madrugada...
O relógio do blog não está certo. Não faz mal, porque ainda que não fosse madrugada é assim que a sinto. Estendo-me nos lençóis e a luz do portátil recorta sombras largas na penumbra do meu quarto. Estou cansada. Poderia, em vão, tentar descrever a estranha sensação que é estar no limiar entre o sono e a vigília, no limbo entre a realidade e o sonho, mas não vou fazê-lo sob pena de falhar tremendamente.

Releio estas últimas palavras, demoradamente, sem pudor de adiar mais um pouco o sono premente que me assola.

Basicamente é madrugada e escrevo sobre nada.

Mas que importa? As palavras são livres e eu também...

Vida!


Não sei bem se estou acordada,
Vejo espirais de cores concêntricas,
Como num sonho.
Sinto uma nudez de espírito, agressiva,
Como se alcançasse a verdade do Universo
Com um só pensamento.
Preciso de mais do que o mundo me pode dar,
Numa eterna insatisfação,
Na ânsia de uma perfeição que não existe.
Aparição de outras vidas,
Sensação de verdade extrema e crua,
Vida!
É o meu corpo ou a minha alma?
Não sei!
Será que estou sequer acordada?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Riscos na areia

Às vezes dou por mim
E não pareço fazer sentido.
Rodeada de folhas de papel:
trabalho, trabalho...
Quando tudo o que mais desejo
É sentir a brisa fresca
E molhar os pés na água salgada.

Na lassidão das horas quentes
Escrevo estas palavras
E sopro-as para longe...
Para a praia onde não posso estar
Para o abraço das ondas e do céu.

Chá

Vamos beber um chá...
Tu e eu.

Estou sentada na mesa do canto,
Rosto semi-escondido
Por um livro de capa verde
Cujo nome não distingues.

Já fiz o pedido.
O aroma de maçã e canela
Invade a pequena salinha rústica
E tu inclinas-te para mim.

Tens olhos cor-de-mel,
Maliciosos.
Num milésimo de segundo
Mil promessas atravessam o ar.

Os meus lábios tocam a primeira gota.
Leio mais uma frase.
Não percebo o que diz
Porque os teus olhos não deixam.

Quando terminar
Nunca mais nos veremos.
Não vais saber o nome do meu livro
Nem provarei a tua malícia.

Mas bebemos este chá juntos.
Tu e eu...

...

Sim, estou aqui sentada e sinto....
Imensa vontade...
Voar e fundir-me com o SOL
Voltar envolta em chamas
E amar o mundo inteiro!

Porque tantas vezes não me entendo
Na imprevisível PLENITUDE
De ser quem sou...
Rasgar o céu,
Através desse ingrato espelho.
Ir onde ninguém foi,
Ser alguém que não existe!

Viver num BEIJO!

Vestido vermelho

Rasgaste o meu vestido vermelho...
Rasgaste-o!
Caída nas escadas,
Na lama, na estrada, no chão...
Vejo-te ir embora
Na indiferença dos corações de pedra.
Estou perdida
Na escura humilhação,
Na mais profunda dor,
Algures num beco sem nome
Envolta em retalhos vermelhos!

Por favor!
Por favor!...
Tenho frio e estou perdida!
O meu amor de ontem
Deixou-me caída nas escadas,
Sem explicação nenhuma
E com um vestido rasgado!

domingo, 20 de julho de 2008

Dedicatória

Escrevo para ti, que nunca lerás estas palavras, que nunca saberás quem sou mesmo depois de me teres beijado, abraçado e partilhado a minha cama...
O tempo escorre, em preguiçosas gotas de água, marcando em pequenos silêncios e breves salpicos a distância entre nós. Numa outra vida talvez nos reencontremos, talvez estas palavras ainda existam, algures numa dimensão paralela a esta e tu possas lê-las, mergulhar nelas como se fossem o tesouro derradeiro, a prova final de que o amor existiu para nós os dois.

Escrevo para ti, na tua indiferença e na minha mágoa. Letras que partem da minha alma num corropio, ansiosas pelo teu abraço e pelo teu afecto mesmo sabendo que jamais as lerás.
Jamais chegarão, docemente, aos teus olhos de anémona ou aos teus ouvidos.
Jamais serão tuas embora eu o seja, para sempre.


*** (eu quis ser...)

Início


É este o início.

Palavras...
Ousadas
Sinceras
Simples
Decadentes
Exuberantes
Loucas

Vindas do fundo da minha alma, sem filtro nem medo.