A lua antecipa-se à escuridão total enquanto a princesa penteia 100 vezes o cabelo à janela do castelo de betão e tijolo:
Não tenho para jeito para me ir embora.
E por isso vou ficando, mesmo que as flores definhem e o vento gélido me anestesie os sentimentos. Encostada gentilmente à parede, a fumar um cigarro invisível, enredada no vício de aqui estar.
Sinto aquela náusea dos amores não correspondidos, dos amores antigos revisitados, dos amores não compreendidos.
Nem sequer há dragões que impeçam de aqui chegar, não há floresta densa nem mitos de uma morte lenta, mas ainda assim não tenho na minha curta vida visto príncipes, a cavalo, a pé ou de lambreta, ou aos trambolhões, ou empurrados ou sequer enganados à procura do caminho para o mundo sem-princesas.
Ouvi uma música e comecei uma incrível história da conspiração, parece portanto que o mundo é deserto de romantismo e o meu destino é tropeçar nas pegadas dos outros. É por isso que são estas belas horas da madrugada e eu aqui estou, o cabelo penteado, a fazer um curativo no pé direito, violento que foi o pontapé que dei na parede em que vivo encostada.
"Não cuspas na mão que te alimenta", remói ela na sua perplexidade de cimento.
E deve ter razão.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Ring, Ring
Ring... Ring...
The cellphone.
My head.
Soundtrack of those lazy hours, my anxiety growing over the room.
Ring... Ring...
The cellphone.
My head.
Soundtrack of those lazy hours, my anxiety growing over the room.
Ring... Ring...
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
A Princesa
O mundo mudou enquanto adormeci.
Foram dias e semanas, a respiração profunda, entrecortada por monossílabos indecifráveis e canções.
Cheguei coberta com a areia dos sonhos e agora os lençóis abraçam-me, num confortável mas mundano aconchego.
Os meus sonhos imutáveis, adormecidos no seu caixão de ouro, adornados com a hera dos séculos, pouso neles a minha mão bronzeada e quero a mão branca da princesa que já fui.
Não sei que lógica é esta que me agarra aos caminhos de poeira, fustigados pelo sol, sem uma sombra de árvore onde refrescar o cabelo em chamas, sem uma nascente de água onde acalmar o ardor dos lábios. Só porque o final é a promessa daquele canapé de vidro, que é o amor de me quereres sempre contigo e nunca haver cansaço nas nossas mãos dadas.
E se me dizes que não consigo, quebrarei as pétalas que deixaste cair, sem fúria, sem pena, apenas num suspiro de recordação por terem sido, um dia, tão belas.
Foram dias e semanas, a respiração profunda, entrecortada por monossílabos indecifráveis e canções.
Cheguei coberta com a areia dos sonhos e agora os lençóis abraçam-me, num confortável mas mundano aconchego.
Os meus sonhos imutáveis, adormecidos no seu caixão de ouro, adornados com a hera dos séculos, pouso neles a minha mão bronzeada e quero a mão branca da princesa que já fui.
Não sei que lógica é esta que me agarra aos caminhos de poeira, fustigados pelo sol, sem uma sombra de árvore onde refrescar o cabelo em chamas, sem uma nascente de água onde acalmar o ardor dos lábios. Só porque o final é a promessa daquele canapé de vidro, que é o amor de me quereres sempre contigo e nunca haver cansaço nas nossas mãos dadas.
E se me dizes que não consigo, quebrarei as pétalas que deixaste cair, sem fúria, sem pena, apenas num suspiro de recordação por terem sido, um dia, tão belas.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Sofia, a estúpida
Pronto, já chorei.
Aquela actividade habitual a que me dedico nos momentos de frustração.
Choro e depois escrevo: aqui no blog, num post-it, no verso de um recibo, no canto de uma fotocópia obsoleta, às vezes em papéis oficiais nos quais não o deveria fazer, outras vezes ainda só na minha intrincada imaginação.
Quase sempre de noite, quase sempre quando todos já se deitaram, quase sempre com o receio antecipado de não conseguir adormecer. Hoje precavi-me. Já dei a Morfeu uma ajudinha farmacológica para que a noite não me traga mais dissabores.
Planeio ler mais qualquer coisa, fingir que estudo, ocupar parte do meu cérebro com alguma coisa que não sejas tu. A seguir vou recostar-me no sofá da sala, ver um episódio gravado de Criminal Minds e esperar que envies a mensagem que não vais enviar para que eu confirme a minha suspeita: sou fraca.
Talvez adormeça por ali, com a manta a cobrir-me o corpo friorento, o comando num equilíbrio precário entre a beirinha do sofá e a atmosfera, a televisão sem som a projectar imagens para a multidão de ninguéns que vive na minha sala a essa hora.
Umas horas depois do esperado vais dizer alguma coisa. Com um smile pelo meio e beijinhos como se fossem 2 da tarde, dia de sol em pleno Verão e eu a acabar de acordar numa cama sumptuosa.
É provável que responda um impropério qualquer, as minhas defesas já suplantadas pelo tardio da hora e pelo efeito do fármaco. Mas como sou fraca e previsível pedirei desculpa logo pela manhã como se a ofensa fosse minha, só para poder esconder, por um bocadinho que seja, esta nuvem negra que sobre mim paira, que é tu zangares-te e ires embora.
Aquela actividade habitual a que me dedico nos momentos de frustração.
Choro e depois escrevo: aqui no blog, num post-it, no verso de um recibo, no canto de uma fotocópia obsoleta, às vezes em papéis oficiais nos quais não o deveria fazer, outras vezes ainda só na minha intrincada imaginação.
Quase sempre de noite, quase sempre quando todos já se deitaram, quase sempre com o receio antecipado de não conseguir adormecer. Hoje precavi-me. Já dei a Morfeu uma ajudinha farmacológica para que a noite não me traga mais dissabores.
Planeio ler mais qualquer coisa, fingir que estudo, ocupar parte do meu cérebro com alguma coisa que não sejas tu. A seguir vou recostar-me no sofá da sala, ver um episódio gravado de Criminal Minds e esperar que envies a mensagem que não vais enviar para que eu confirme a minha suspeita: sou fraca.
Talvez adormeça por ali, com a manta a cobrir-me o corpo friorento, o comando num equilíbrio precário entre a beirinha do sofá e a atmosfera, a televisão sem som a projectar imagens para a multidão de ninguéns que vive na minha sala a essa hora.
Umas horas depois do esperado vais dizer alguma coisa. Com um smile pelo meio e beijinhos como se fossem 2 da tarde, dia de sol em pleno Verão e eu a acabar de acordar numa cama sumptuosa.
É provável que responda um impropério qualquer, as minhas defesas já suplantadas pelo tardio da hora e pelo efeito do fármaco. Mas como sou fraca e previsível pedirei desculpa logo pela manhã como se a ofensa fosse minha, só para poder esconder, por um bocadinho que seja, esta nuvem negra que sobre mim paira, que é tu zangares-te e ires embora.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Fix You (by Coldplay, featuring my life probably)
When you try your best, but you don't succeed
When you get what you want, but not what you need
When you feel so tired, but you can't sleep
Stuck in reverse
And the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone, but it goes to waste
Could it be worse?
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
And high up above or down below
When you're too in love to let it go
But if you never try you'll never know
Just what you're worth
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
Tears stream down on your face
When you lose something you cannot replace
Tears stream down on your face
And on your face I...
Tears stream down on your face
I promise you I will learn from my mistakes
Tears stream down on your face
And on your face I...
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
When you get what you want, but not what you need
When you feel so tired, but you can't sleep
Stuck in reverse
And the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone, but it goes to waste
Could it be worse?
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
And high up above or down below
When you're too in love to let it go
But if you never try you'll never know
Just what you're worth
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
Tears stream down on your face
When you lose something you cannot replace
Tears stream down on your face
And on your face I...
Tears stream down on your face
I promise you I will learn from my mistakes
Tears stream down on your face
And on your face I...
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Chorar
Ouço esta música e o meu coração encontra-se. Em cada batimento um pequenino segredo que se revela. Daqueles que são só nossos e que por vezes catalogamos em sussurros só para termos a certeza que continuam aqui, enclausurados nas suas pequeninas gaiolas douradas, empacotados com uma data e um nome.
Eu choro e ninguém sabe. Cada lágrima é a catarse necessária. Eu choro e ninguém sabe. Sofrem tão mais do que eu. Eu choro e ninguém sabe. A melancolia é o mar em que eu nado e respiro, não tentem vir buscar-me. Eu choro e ninguém sabe. Regresso em paz das lágrimas, salva para os braços de quem gosto.
E esta música é como chorar.
Eu choro e ninguém sabe. Cada lágrima é a catarse necessária. Eu choro e ninguém sabe. Sofrem tão mais do que eu. Eu choro e ninguém sabe. A melancolia é o mar em que eu nado e respiro, não tentem vir buscar-me. Eu choro e ninguém sabe. Regresso em paz das lágrimas, salva para os braços de quem gosto.
E esta música é como chorar.
domingo, 17 de outubro de 2010
Não gosto da parábola do filho pródigo
Não gosto da parábola do filho pródigo.
Não gosto que matem bois para alimentar ingratos.
Não gosto que a palavra de alguém ausente valha mais que 1000 acções de quem está sempre lá.
Não gosto de sentir medo que o meu mundo se desmorone porque alguém acordou mal-disposto.
Não gosto que matem bois para festejar o regresso de quem não queria voltar.
O filho pródigo que nunca me bata à porta pois corre o risco de dormir na rua.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
O dia em que eu nasci
...
- Têm a certeza que querem pôr a cruz no pack sonhadora/idealista?
- Sim, temos.
- Muito bem. Aqui está a vossa filha.
...
- Têm a certeza que querem pôr a cruz no pack sonhadora/idealista?
- Sim, temos.
- Muito bem. Aqui está a vossa filha.
...
A minha casa nova
Li avidamente tudo aquilo como se a minha vida dependesse disso.
Senti crescer a ansiedade mas ainda assim insisti. Tinha de descobrir um segredo que abrisse a tua alma de par em par, que te expusesse de forma tão inequívoca que não pudesses jamais esconder de mim o que quer que fosse.
Aquilo que consegui foi tão diferente. Começaste a construir-te em palavras que não queria ler, em histórias que não queria saber, em momentos que preferia que ficassem para sempre enclausurados no local em que tinham, vergonhosamente, acontecido. Aquela náusea já familiar ocupou-me e eu desliguei tudo.
Não interessa o que aconteceu logo a seguir. Só interessa que nesses dias cresci para lá de 1 metro de altura e envelheci para lá de 10 anos. Muitas palavras alheias que tinha acumulado no baú dos conselhos indecifráveis começaram a fazer sentido; melhor, fizeram sentido de uma forma tão crua e violenta que demorei algum tempo a voltar a mim e a reorganizar as minhas prioridades.
O passado ficou lá fora, a flutuar no corredor húmido e bafiento. Tu entraste em minha casa e ocupaste o sofá vazio e confortável junto à lareira. Eu deitei fora algumas coisas que já não faziam falta, repus no seu devido lugar molduras que tinha escondido numa gaveta, até fui tolerante com a aranha teimosa que construiu uma teia fenomenal no cantinho da varanda.
Senti crescer a ansiedade mas ainda assim insisti. Tinha de descobrir um segredo que abrisse a tua alma de par em par, que te expusesse de forma tão inequívoca que não pudesses jamais esconder de mim o que quer que fosse.
Aquilo que consegui foi tão diferente. Começaste a construir-te em palavras que não queria ler, em histórias que não queria saber, em momentos que preferia que ficassem para sempre enclausurados no local em que tinham, vergonhosamente, acontecido. Aquela náusea já familiar ocupou-me e eu desliguei tudo.
Não interessa o que aconteceu logo a seguir. Só interessa que nesses dias cresci para lá de 1 metro de altura e envelheci para lá de 10 anos. Muitas palavras alheias que tinha acumulado no baú dos conselhos indecifráveis começaram a fazer sentido; melhor, fizeram sentido de uma forma tão crua e violenta que demorei algum tempo a voltar a mim e a reorganizar as minhas prioridades.
O passado ficou lá fora, a flutuar no corredor húmido e bafiento. Tu entraste em minha casa e ocupaste o sofá vazio e confortável junto à lareira. Eu deitei fora algumas coisas que já não faziam falta, repus no seu devido lugar molduras que tinha escondido numa gaveta, até fui tolerante com a aranha teimosa que construiu uma teia fenomenal no cantinho da varanda.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Sedativo
Pela milésima vez hoje encosto a cabeça à página fria e fecho os olhos por um instante.
A luz branca do candeeiro de mesa é intensa e continuo a adivinhá-la mesmo com as pálpebras cerradas. Gradualmente, a claridade difusa dá lugar a uma série de flashes anárquicos e só depois a escuridão começa a instalar-se.
Não interessa. O dia está quase no fim e já pouco importa se fico assim, imóvel e semi-adormecida, durante cinco minutos ou meia hora. Não me deito porque estou à espera que o telemóvel emita aquela vibração familiar, como a concluir oficialmente o dia e a autorizar a minha consciência a desligar-se.
Sim, acho que tenho medo da sombra que se recorta na parede verde, da maneira como muda de tamanho quando me afasto e me aproximo, da sua cor cinzenta e inexpressiva, da capacidade que tem de sair de mim e transformar-se numa coisa tão diferente... tão vazia. Por isso quando fecho os olhos, alivio os receios, ela continua lá mas eu não a vejo.
É improvável que adormeça antes da minha autorização escrita. O coração percorre lentamente o caminho do peito até ao pescoço e ali se aninha, como sempre, num lugar que já se habituou a ocupar nas horas de inquietação. Os meus dedos estão frios, em contraste com a cara quente e com o bafo morno que sai do portátil mesmo aqui ao lado.
De súbito uma vibração rude enche o ar. Estendo a mão e os olhos pousam na luz do aparelho.
Sim, já posso ir dormir.
A luz branca do candeeiro de mesa é intensa e continuo a adivinhá-la mesmo com as pálpebras cerradas. Gradualmente, a claridade difusa dá lugar a uma série de flashes anárquicos e só depois a escuridão começa a instalar-se.
Não interessa. O dia está quase no fim e já pouco importa se fico assim, imóvel e semi-adormecida, durante cinco minutos ou meia hora. Não me deito porque estou à espera que o telemóvel emita aquela vibração familiar, como a concluir oficialmente o dia e a autorizar a minha consciência a desligar-se.
Sim, acho que tenho medo da sombra que se recorta na parede verde, da maneira como muda de tamanho quando me afasto e me aproximo, da sua cor cinzenta e inexpressiva, da capacidade que tem de sair de mim e transformar-se numa coisa tão diferente... tão vazia. Por isso quando fecho os olhos, alivio os receios, ela continua lá mas eu não a vejo.
É improvável que adormeça antes da minha autorização escrita. O coração percorre lentamente o caminho do peito até ao pescoço e ali se aninha, como sempre, num lugar que já se habituou a ocupar nas horas de inquietação. Os meus dedos estão frios, em contraste com a cara quente e com o bafo morno que sai do portátil mesmo aqui ao lado.
De súbito uma vibração rude enche o ar. Estendo a mão e os olhos pousam na luz do aparelho.
Sim, já posso ir dormir.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Prelúdio
O Silêncio não pode durar para sempre.
Não quando as pessoas, o tempo e a vida são insuficientes para que deixe de haver coisas por dizer. Agora é suposto que tenha segredos. É suposto que deles cuide dentro de mim, secretamente, como um jardim de plantas raras que murchará tão só seja visto por um olhar estranho.
E assim eu escrevo na sombra. Olhos postos em mim apenas quando não posso ser vista. Saudades minhas apenas quando estou fora de alcance. Desejo de me abraçar apenas quando sou uma memória vaga e ofuscada pelo tempo.
Mas assim tenho o conforto de não desiludir, de não me atrasar, de não ferir sentimentos.
E num mundo onde se cresce depressa mas mal, onde todos tentam chegar ao topo de qualquer coisa não interessa qual, o meu maior desejo é chegar aqui e não ser ninguém.
É que a ser ninguém eu sempre fui muito boa...
Não quando as pessoas, o tempo e a vida são insuficientes para que deixe de haver coisas por dizer. Agora é suposto que tenha segredos. É suposto que deles cuide dentro de mim, secretamente, como um jardim de plantas raras que murchará tão só seja visto por um olhar estranho.
E assim eu escrevo na sombra. Olhos postos em mim apenas quando não posso ser vista. Saudades minhas apenas quando estou fora de alcance. Desejo de me abraçar apenas quando sou uma memória vaga e ofuscada pelo tempo.
Mas assim tenho o conforto de não desiludir, de não me atrasar, de não ferir sentimentos.
E num mundo onde se cresce depressa mas mal, onde todos tentam chegar ao topo de qualquer coisa não interessa qual, o meu maior desejo é chegar aqui e não ser ninguém.
É que a ser ninguém eu sempre fui muito boa...
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Eu
Mais uma semana passou. Metade dos dias a sorrir, a outra metade perdida num caos de sentimentos.
Talvez um dia eu me apaixone por alguém menos complexo, ou talvez a complexidade esteja em mim. Quando duas pessoas "danificadas" se juntam, pensar no futuro é como olhar para uma bola de cristal e tentar inventar cenários a partir de um vidro baço. Cada beijo é uma catarse de expectativas frustradas e medos. Deve ser por isso que é tão bom e ao mesmo tempo tão impossível.
De que será que estou, afinal, à procura?
Estarei condenada à solidão de saber que nada dura para sempre?
Talvez um dia eu me apaixone por alguém menos complexo, ou talvez a complexidade esteja em mim. Quando duas pessoas "danificadas" se juntam, pensar no futuro é como olhar para uma bola de cristal e tentar inventar cenários a partir de um vidro baço. Cada beijo é uma catarse de expectativas frustradas e medos. Deve ser por isso que é tão bom e ao mesmo tempo tão impossível.
De que será que estou, afinal, à procura?
Estarei condenada à solidão de saber que nada dura para sempre?
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Ai, ai...
E de repente quem me dera que este blog fosse vermelho-vivo, azul, verde, laranja!!
Sinto-me a voltar a casa, aninhada no cantinho luminoso da minha alma, respirando o perfume doce da felicidade.
Sinto-me a voltar a casa, aninhada no cantinho luminoso da minha alma, respirando o perfume doce da felicidade.
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Será?
Eu devo ser tonta...
Devo mesmo...
Quase de certeza...
Sem sombra de dúvida...
Só o facto de o estar a declarar aqui corrobora a minha tontice...
E aqui fico, olhar perdido no infinito, a pensar no antes no agora e no depois, a tentar ligar os pontinhos com uma linha para ver se no final todas as respostas me surgem desenhadas a lápis de carvão.
Devo mesmo...
Quase de certeza...
Sem sombra de dúvida...
Só o facto de o estar a declarar aqui corrobora a minha tontice...
E aqui fico, olhar perdido no infinito, a pensar no antes no agora e no depois, a tentar ligar os pontinhos com uma linha para ver se no final todas as respostas me surgem desenhadas a lápis de carvão.
segunda-feira, 8 de março de 2010
Isto
Escrever para quem não pode ouvir.
Juntar as palavras apenas desejando que façam sentido.
O fundo é de cinzas e o nome de vermelho-sangue, a julgar pelos comentários é um blog deserto e inóspito, onde se movem olhos invisíveis e respostas nunca redigidas.
Se este é o outro deve haver um primeiro, se calhar o primeiro era a floresta que ardeu, o verde que esmoreceu, a esperança que se perdeu...
Juntar as palavras apenas desejando que façam sentido.
Mesmo que quem escreve não saiba que sentido devem ter.
O fundo é de cinzas e o nome de vermelho-sangue, a julgar pelos comentários é um blog deserto e inóspito, onde se movem olhos invisíveis e respostas nunca redigidas.
Se este é o outro deve haver um primeiro, se calhar o primeiro era a floresta que ardeu, o verde que esmoreceu, a esperança que se perdeu...
sexta-feira, 5 de março de 2010
Prólogo
Quando o despertador tocou e passei do sono para o torpor matinal ainda não havia claridade lá fora.
Já não me lembro se me espreguicei ou se apenas pensei em fazê-lo.
Alcancei a mesa de cabeceira com um gesto cego da mão e agarrei com força o telemóvel. Deixei-me transportar no tempo para as horas tardias e as coisas escritas. Talvez tenha esboçado um sorriso triste.
Levantei-me lentamente e deslizei para fora do quarto.
A água quente no corpo semi-adormecido teve um efeito calmante, deixei que me envolvesse completamente e desejei com força que as minhas angústias se evaporassem com a água tépida.
Mais uma vez a chuva aguardava-me lá fora, rítmica e inevitável, indiferente aos percalços e desventuras dos simples mortais.
Vesti-me.
O cabelo, hoje mais ondulado do que o habitual, apoiou-se docemente sobre os meus ombros estreitos e enquadrou um rosto estranhamente inexpressivo.
Fecho a porta atrás de mim e percorro automaticamente o caminho até à paragem do autocarro.
É cedo. A cidade ainda não acordou mas pequenos ruídos e movimentações denunciam um vulcão adormecido que, tal como eu, está prestes a entrar em erupção.
quinta-feira, 4 de março de 2010
Guerra Civil
Coisas que digo.
Coisas que não digo.
Coisas que devia ter dito.
Coisas que devia ter feito.
Sonhei com o Nepal e com terroristas armados.
Coisas que não digo.
Coisas que devia ter dito.
Coisas que devia ter feito.
Sonhei com o Nepal e com terroristas armados.
Não sei porquê.
Deve ser porque estou em guerra civil.
quarta-feira, 3 de março de 2010
De pernas para o ar
Acordei e senti-me diferente, uma ansiedade profunda e inquietante.
Um sentimento que me pareceu familiar mas há muito esquecido começou a ocupar-me, de mansinho mas de forma irreparável, e de repente foi como ver o mundo através uma lente desfocada, deturpada, irreal. Tudo se passava agora na minha cabeça, no meu coração, um turbilhão de coisas, a chuva lá fora não é nada, o vento frio, as vozes, os empurrões, não me tocavam sequer num milímetro de consciência. Estava tudo cá dentro a pedir-me a misericórdia de sair, de explodir, e eu a dizer que não, impiedosamente, dolorosamente...
E os meus dedos tremem enquanto escrevo, o meu estômago vazio não exprime mais do que um formigueiro... Dizem que é mesmo assim não é? E fiquei encharcada dos pés à cabeça, as mãos geladas, os pés gelados, tudo lá fora gelado e cá dentro tudo de pernas para o ar.
terça-feira, 2 de março de 2010
Rede
... E se eu estiver perdida numa encruzilhada,
Ao mesmo tempo de costas e de frente para tudo o que sempre quis,
Ao mesmo tempo de costas e de frente para tudo o que sempre quis,
... E se eu sequer sonhar que arriscar vale a pena,
Quem estará lá no fim para me segurar?
domingo, 28 de fevereiro de 2010
sábado, 27 de fevereiro de 2010
O Reverso da Medalha
O outro lado daquilo que amamos é às vezes tão cruel, tão desconcertante e tão imprevisível que quando a verdade nos atinge em cheio é impossível encerrar a ferida com meia dúzia de palavras, com meia dúzia de dias, com meia dúzia de afectos.
E quando as linhas que escrevo são insuficientes sinto-me quase sem nada, sem um porto seguro, entregue apenas às palavras duras que ressoam na minha mente.
Há demasiadas coisas efémeras.
E quando as linhas que escrevo são insuficientes sinto-me quase sem nada, sem um porto seguro, entregue apenas às palavras duras que ressoam na minha mente.
Há demasiadas coisas efémeras.
Fé e psicose
As ideias são tantas, Tantas, Tantas.
Agitam-se, crescem, renascem, colidem, fundem-se.
Agitam-se, crescem, renascem, colidem, fundem-se.
A seguir ao colapso mental, de repente, uma ininterrupta e imparável corrente de pensamentos, de novo e sempre aquela imagem:
a chama que renasce das cinzas
Como se todo o Universo se fechasse sobre mim e me abraçasse, sem medo,
Como se todo o Universo se fechasse sobre mim e me abraçasse, sem medo,
E por um milésimo de segundo me permitisse ser o componente inicial e único de todas as coisas.
Ciclo da Água
Sim, vou chorar intempéries e temporais, vou dançar como o vento rápido, fustigando tudo, não ficará pedra sobre pedra quando tiver terminado.
Vou cair em queda livre com cada gota de chuva e misturar-me cá em baixo com o mundo, numa osmose de texturas impossível de descrever.
Na metamorfose final vou ascender à nuvem mãe, sem memória e sem remorsos, para que tudo recomece, uma e outra vez.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Pirilampo
A minha inspiração é fluorescente.
Com desespero absorvo toda a luz do dia até ficar sozinha num quarto escuro, vestida apenas com os meus sonhos delirantes.
E a noite chega assim, quando o Sol foi consumido em golfadas tristes, para receber a minha luz de néon esverdeada, tão óbvia que magoa os olhos, tão verdadeira que magoa a alma.
Subscrever:
Mensagens (Atom)