Acordei e senti-me diferente, uma ansiedade profunda e inquietante.
Um sentimento que me pareceu familiar mas há muito esquecido começou a ocupar-me, de mansinho mas de forma irreparável, e de repente foi como ver o mundo através uma lente desfocada, deturpada, irreal. Tudo se passava agora na minha cabeça, no meu coração, um turbilhão de coisas, a chuva lá fora não é nada, o vento frio, as vozes, os empurrões, não me tocavam sequer num milímetro de consciência. Estava tudo cá dentro a pedir-me a misericórdia de sair, de explodir, e eu a dizer que não, impiedosamente, dolorosamente...
E os meus dedos tremem enquanto escrevo, o meu estômago vazio não exprime mais do que um formigueiro... Dizem que é mesmo assim não é? E fiquei encharcada dos pés à cabeça, as mãos geladas, os pés gelados, tudo lá fora gelado e cá dentro tudo de pernas para o ar.
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