sexta-feira, 1 de julho de 2011

Fantasmas

Eu tenho os meus próprios fantasmas, não preciso dos teus.

Tenho os meus debaixo da cama, amestrados, sedados, enrolados em papel escuro, contraídos sobre si próprios num equilíbrio que demorou anos a atingir.
Os teus, não os conheço bem. Parecem-me, a esta distância, assustadores, tentáculos que te abraçam todos os dias num afecto doentio e doloroso que alimentaste ao longo do tempo, no masoquismo lamentável de quem não tem coragem para dar o passo em frente.

Não mos entregues agora, não partilho almas penadas.
Basta-me já a dor de os ver reflectidos nos teus olhos, a sensação de os ter comigo como uma pedra no sapato da qual não me posso desfazer.

E o pior de tudo é vê-los aumentar quando falamos neles e por isso ter de fingir que não existem, que não passeiam na penumbra do quarto, que não sobrevoam o nosso abraço, que não conspurcam os nossos sonhos, que não comprometem o nosso futuro.

6 comentários:

... disse...

Adoreii seu blog... Estou seguindoo..

bjks!!

http://ocantinhodaline.blogspot.com/

Histórias escritas por linhas tortas disse...

Seu blog eh bem legal!!

bjs

Aislan Oliveira disse...

Muito bom seu blog viu,suas palavras são muito fortes e se posso dizer até um pouco cruas demais,realistas,já viajei em muitos blogs nessa enorme blogesfera e o seu foi sem dúvida foi um dos que mais gostei. bem legal também tenho o meu,se quiser pode dar uma olhada depois!! abraços
http://pensamentosloucospensamentos.blogspot.com/

Daniele Thièbaut disse...

Identifiquei-me com vc. Crua. Gostaria de trazer para o meu blog a tua postagem "Fantasmas", citando a origem. Posso?
Visite-me: http://reversodaescrita.blogspot.com
Abraço,
Daniele

clepsidra disse...

Olá :)

Agradeço a todos os comentários inspiradores.
Daniele, pode sim colocar o meu texto no seu blog, sinto-me lisonjeada.

Abraços.

Vasco Ribeiro disse...

Esses ectoplásmas têm que ser falados. Ele abanam os alicerces da própria confiança e auto-estima. Fala deles para que possam ser fechados para sempre num buraco negro.