sábado, 31 de outubro de 2009

Regresso

Das cinzas sempre renasce qualquer coisa:
Primeiro breve faísca
Depois labareda faminta de ar
Um dia, quem sabe, um incêndio.

Quem não pode escapar às palavras sempre regressa.

Quem vive e se apaixona pela vida deve escrevê-lo ao mundo!


sexta-feira, 12 de junho de 2009

Fuga

Ardem-me os olhos....

Mil e uma coisas que não compreendo.
Sou uma mente furiosa e caótica.

Esse estúpido mecanismo de defesa que é a FUGA.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Poema

A estagnação atroz e vil
De quem já não é quem foi.
Crescente cefaleia subtil
De quem esqueceu como dói.

Essa carta escrita em desespero
Estranha forma de dizer adeus
Como se aquilo que no fundo mais quero
Não fossem os teus olhos nos meus.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Quem não espera às vezes alcança

Não esperam realmente que acorde delirante, que dance na chuva torrencial e grite guturais onomatopeias de alegria, que rebole na relva recém cortada, que me vista de vermelho-vivo e corra pela estrada, que lance malmequeres nas águas conturbadas, que esprema os dias violentamente até que não sobre nada, que parta a louça toda com a fúria de mil trovões?

Não esperam pois não?

De certeza?

Então vão ver! :)

Evangelho segundo quem estuda

Este sentimento de irresponsabilidade que um pouco injustamente me assalta sempre que me decido a utilizar com fervor os lúdicos e prazeirosos recursos da vida cosmopolita. Porque depois parece sempre que foi tempo utilizado com leviandade por quem se redescobre diariamente afogado em trabalho.

Cria-se então esta curiosa dualidade de consciências, de opiniões, de tendências interiores, que simultaneamente me impele para o regozijo desses pequenos momentos, em busca da sanidade perdida durante os dias laboriosos, e me critica pelos afazeres em atraso, pelas pilhas de folhas, pelos telefonemas que urgem ser feitos, pelas múltiplas tarefas ainda por empreender.

E, assim, porque o tempo é meu para ser gerido, não pode cair a culpa de tais dissonâncias noutra pessoa ou entidade que não em mim. E agora que me esforço por virar as páginas bíblicas do Tratado de Medicina Interna encontro aquela satisfaçãozinha intelectual de estar a cultivar o trabalhoso jardim do conhecimento, com o meu pequeno ancinho de aprendiz, revirando cuidadosamente este vasto solo. Já sei que o programa nocturno se dissipa em cada página virada. Cada linha escrita me demonstra que algures num local ainda a designar, entre as várias pessoas sentadas e sorridentes que escutam musicalidades diversas, não estarei eu.

Acho que me imagino já cabeceando sobre as microscópicas letras que se empacotam, vendo talvez uma ligeira ondulação hipnotizante onde antes existiam linhas rectilíneas e metódicas. E amanhã vai provavelmente parecer que deveria ter estado naquela cadeira de estofo roído, recebendo nos ouvidos uma atmosfera de gargalhadas e música, feliz como se não houvesse na vida outro sentido que não o da diversão.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Insanidade temporária

Ah esse vestido verde!! Cetim da tragédia que eu rasguei com as minhas próprias mãos!

Tu disseste... Gritaste e gritaste aos meus ouvidos e eu fiz o contrário! Liguei a TV e fingi que não estava ali. Valeu a pena!... toda a doce irresponsabilidade do momento, toda a falta de senso daqueles minutos perdidos, todo o nada que ali foi conquistado.

Se perguntarem por mim diz que fui dormir!

sábado, 14 de março de 2009

Ciência de ser ingénuo



Ai... se o arrependimento matasse!!!


Poupava-me ao infortúnio de aqui estar para assistir às consequências da minha ingenuidade.

Porque tenho eu este desejo incontornável de que os outros entendam metáforas que foram feitas para não serem entendidas??

Sucessivas armadilhas. Auto-impostas. Uma embriaguez de sentido neste caminho que eu percorro às cegas!

Querer o que não posso ter. Ter o que os outros querem. Ciclo infindável de frustrações!

Tabu

Tenho este desejo secreto de estar contigo.

Quando os olhos se fecham ou a mente se perde em mundos imaginários tu estás sempre lá, idealizado e belo, numa convulsão de coisas proibidas e perigosas.

Tantas coisas que não compreendo mas que me atingem em cheio. Distâncias que a minha alma encurta sem pedir autorização.
Tantas coisas que não podem ser escritas.