Eu era a lagarta frágil e tímida que se demorava nos veios frescos da folha.
Roliça e redundante no universo verde daquela floresta.
Guiada pelo instinto seguia o percurso cintilante das gotas de orvalho até ao inevitável abismo do vértice vegetal.
No fim do caminho a gigantesca disputa, os meus pequenos olhos esbugalhados perante a atmosfera infinita.
Iniciei o árduo trabalho de me enrolar em seda. Rodopiei até à exaustão numa dança fervorosa e geneticamente determinada.
No fim eu era apenas um corpo amorfo e imóvel à espera que os dias passassem. Nem morta, nem viva, no limbo da existência, esqueci quem era e transformei-me em algo diferente.
Borboleta!
Borboleta!