terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A Princesa

O mundo mudou enquanto adormeci.

Foram dias e semanas, a respiração profunda, entrecortada por monossílabos indecifráveis e canções.

Cheguei coberta com a areia dos sonhos e agora os lençóis abraçam-me, num confortável mas mundano aconchego.

Os meus sonhos imutáveis, adormecidos no seu caixão de ouro, adornados com a hera dos séculos, pouso neles a minha mão bronzeada e quero a mão branca da princesa que já fui.

Não sei que lógica é esta que me agarra aos caminhos de poeira, fustigados pelo sol, sem uma sombra de árvore onde refrescar o cabelo em chamas, sem uma nascente de água onde acalmar o ardor dos lábios. Só porque o final é a promessa daquele canapé de vidro, que é o amor de me quereres sempre contigo e nunca haver cansaço nas nossas mãos dadas.

E se me dizes que não consigo, quebrarei as pétalas que deixaste cair, sem fúria, sem pena, apenas num suspiro de recordação por terem sido, um dia, tão belas.

4 comentários:

Um brasileiro disse...

OI MOÇA. ESTIVE AQUI. INTERESSANTE. AGORA VAI LÁ. ABRAÇOS.

Cynthia Gonçalves disse...

Muito bom o seu blog, quando puder me visite também http://hojesouassimepronto.blogspot.com/

BEIJO

Ellen disse...

é giro encontrar um blog onde podemos ler o que normalmente lemos em livros de histórias, contos... e saber que as vezes nem é preciso comprar um livro para ler algo assim belo. gostei :)

Daniele Thièbaut disse...

Que sensação mais estranha é esta que temos de nos ver "princesas" mortas no passado, desejando amores que não se acabam e confrontar essa imagem com a mulher que nos tornamos e que, inevitavelmente, acredita que todas as histórias de amor são ridículas?
Será que é isso a tal "maturidade"?
Vivo me perguntando porquê, quando e como mudei tanto assim e agora vejo que não aconteceu só comigo.